Sunday 18 September 2016

MEMORIAS DUN NENO LABREGO (III) — O XUDÍO




O XUDIO

Terceiro capítulo da obra do galego Xosé Neira Vilas, «Memórias dum neno labrego»

«Diante ia um home coa cruz. Seguia-o outro co pendom. E despois o estandarte, santos, o cura, velhas que rezavam, rapazes ... que sei eu! Coma todos os anos.
Tocavam os gaiteiros umha marcha. A mesma de sempre. Cada tanto, um home arrimava-lhe o chisqueiro a um foguete de três estalos. Os rapazes corriam trás da canavela, e quando a pilhavam sentiam-se triunfadores, coma se tivessem atopado um tesouro, Queria o fio pra fazer cometas. O sancristám repenicava baixinho as campás. Baixinho pra que a gente atendesse à processom; pra que as velhas rezadoras puidessem passar as doas do rosário e escoitarem-se umhas às outras, fazendo o labor juntas como se fai a sega ou a malha.
Eu rabeava por ir tamém à procura de foguetes, pero nunca me deixavam. O padrinho venha de contar-me a história daquele rapaz que perdeu as maos por colher umha granada sem estalar. E minha nai arretegáva-me contra si. «Reza e mira pròs santos», dizia-me. Som o único na parróquia que vou em todo ao passo da gente grande. Querem que chegue a home antes de tempo. E eu tenho moitas ganas de medrar. Pero coa gana nom abonda. Tenhem que passar anos. Mentres, nom poido divertir-me cos companheiros.
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